De acordo com o jornalista e escritor Júlio Ludemir, um fato explica tanta procura: o ritmo surgido nas favelas cariocas conseguiu atingir “o asfalto”, conquistando as classes média e alta. Criador da Batalha do Passinho e da Festa Literária das Periferias (Flupp), o autor do livro 101 funks que você tem que ouvir antes de morrer explica que o batidão se consolidou, “enquanto produto cultural”, depois dos fenômenos Naldo e Anitta.
“Fruto de uma grande produtora, esses artistas souberam surfar na onda do Brasil que se interessa pela classe C, pelas novelas Avenida Brasil e Salve Jorge”, observa Ludemir. “O funk, definitivamente, explodiu no asfalto. Por isso o carnaval da Zona Sul carioca e de outras regiões do país vai estar focado nesse ritmo”, afirma.
O funk carioca já conquistou as grandes casas de show – e não apenas as cariocas como Barra Music, Vivo Rio e Fundição Progresso. Outras capitais também entraram na onda. “Pela primeira vez, espaços tradicionais e teatros passaram a receber funkeiros. Entre os grandes sucessos deste momento está a Valesca Popozuda. O verão de 2014 é dela, com Beijinho no ombro. Anitta monopolizou todas as atenções em 2012 e 2013, reinou absoluta e criou as condições para o carnaval do funk. Se ela vai se sustentar já é outra história, até porque os grandes sucessos do gênero, geralmente, não duram mais de um verão”, assegura o jornalista
.Beijinho
Valesca Popozuda afirma que o funk sempre esteve na boca do povo. A agenda da cantora está totalmente comprometida com a folia: ela vai desfilar no Sambódromo e em blocos, além de fazer show em camarotes. Em Salvador, Valesca dividirá o microfone com Cláudia Leitte. Boa parte de todo esse êxito se deve a Beijinho no ombro. O clipe é um dos mais acessados do YouTube, com cerca de sete milhões de visualizações.
“Beijinho... já é a mais tocada do verão. Torço para ela virar a música deste carnaval A letra é bem direta e objetiva, todo mundo se identifica”, conta Valesca. O título da parceria de Wallace Viana, André Vieira e Leandro Pardal virou gíria. A cantora diz que ela serve tanto para esnobar invejosos e recalcados quanto para celebrar as boas coisas da vida. “Tudo depende de como as palavras são usadas. Há uns 10 anos, eu e um amigo adotamos essa expressão. A gente sempre soltava um ‘beijo no ombro’. Valia para tudo”, conta ela.
Destaque do funk romântico, Buchecha acredita que Beijinho... tem tudo para ser o hino da folia deste ano. Ele também aproveita o bom momento. No carnaval, a agenda do cantor prevê compromissos profissionais até o sábado das campeãs. “Se a música da Valesca não for o hit do verão ou do carnaval, ela será o grito da galera”, aposta.
Os funkeiros vão animar o carnaval mineiro. Anitta se apresentará em Abaeté (sábado), em Ouro Preto (domingo), em Muzambinho (segunda-feira) e em Lambari (terça-feira). A carioca será também uma das principais atrações do camarote da Brahma, no Sambódromo. Um jatinho estará a postos para levá-la ao Rio de Janeiro.
“O estilo mais melódico e romântico do funk, sem baixarias, está conquistando as pessoas. Anitta, principalmente, veio mudar o cenário e os outros seguem o caminho dela”, acredita Nenety, organizador do Abaeté Folia. O produtor informa que o cachê da cantora chega a R$ 200 mil, durante o carnaval, por duas horas de apresentação.
“Normalmente, um show dela custa R$ 80 mil, mas como as cidades querem ter uma estrela como Anitta, estão dispostas a pagar mais caro no carnaval. Em 1º de março, aliás, o Abaeté Folia será totalmente dedicado ao funk, com Anitta e MC Sapão. Vale a pena investir, pois as pessoas gostam e isso traz visibilidade”, ressalta Nenety.
“Vou seguir meu próprio repertório durante o carnaval porque o público está acostumado ao formato original. Dependendo, a gente pode inventar na hora”, avisa Buchecha.
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